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a metodologia |
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Fazer corpo – Ganhar corpo - Dar corpo às ambiências urbanas
Três equipes colaboraram nesta
pesquisa internacional, em três seminários de pesquisa:
- No Brasil entre 26 e 30 de outubro de 2009, com a equipe do
Laboratório Urbano, Programa de Pos-Graduaçăo em Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal da Bahia;
- Na França, entre 7 e 11 de dezembro de 2009, com a equipe de
Cresson (UMR CNRS 1563) da Ecole Nationale Supérieure d'Architecture
de Grenoble (França);
- No Canadá, entre 21 e 25 de junho de 2010, com a equipe do Centre
Lea Roback da Université de Montreal.
Esta confrontação no trabalho de campo respondia a uma grande
preocupação: a de recolocar o ser humano e a complexidade dos seus
laços (particularmente os culturais), no centro das problemáticas
das ambiências e dos ambientes. Além da primazia do universal, nós
queríamos dar especial atenção tanto aos detalhes da vida cotidiana
quanto às flutuações dessas singularidades nas culturas (dos
habitantes e dos projetos) e em contextos (espaciais, sensíveis,
sociais, temporais) diferentes.
Durante estes três seminários, um sistema de pesquisa inovador foi
implementado:
- o "fazer corpo" com as
ambiências urbanas;
- o "ganhar corpo" com as
ambiências urbanas;
- o "dar corpo" às
ambiências urbanas
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Fazer corpo
com as ambiências urbanas. Esta é a fase do trabalho de fazer do
corpo do pesquisador, de tal forma afetado pelas diversas situações
das quais ele participa, não apenas como um instrumento de captura,
mas também como um instrumento de inteligibilidade dos processos
engendrados no cotidiano com relação aos pedestres, entre eles e às
ambiencias urbanas. Deste ponto de vista, um desvio pela
subjetividade do pesquisador, e uma recusa de uma posição de visão
de cima do campo aparecem como caminhos necessários para compreender
a complexidade da experiência sensível ordinária. Tendo em conta
estes pressupostos metodológicos, o tempo de investigação tomou a
forma de caminhadas urbanas coletivas, com cerca de 1h30min cada, em
três áreas:
O Pelourinho, em Salvador, Bahia;
- o bairro Europole em
Grenoble;
- o bairro internacional em
Montreal.
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No final desta caminhada
coletiva, um tempo de isolamento foi dado a fim de permitir que cada
um registrasse suas impressões num diário de bordo. Os diferentes
grupos de pesquisadores se reuniram para um momento de retomada da
experiência e de troca. Estes momentos, registrados
sistematicamente, tinham como objetivo relatar as ambiências
percebidas e a vida do bairro.
Ganhar corpo com as ambiências urbanas. Esta segunda fase consiste
em uma série de oficinas para despertar os corpos dos pesquisadores
após um conjunto de observações que consideramos como incorporadas
No Brasil, foi uma oficina de dança que foi usado para testar as
relações entre corpo e espacialidade. Na França, a organização de
uma oficina experimental de restrição de visão permitiu que os
pesquisadores tivessem consciência das implicações corporais e
sensoriais de um percurso urbano, assim como ajudou na verbalização
dessas implicações mais implícitas embora presentes no cotidiano.
Finalmente, no Canadá, o desvio por uma técnica de investigação
projetada por Sophie Paquin (Conselheira de Urbanismo da Diretoria
de Saúde Pública de Montreal) aponta para as disfunções da do espaço
do pedestre, permitindo um diálogo entre as questões de saúde
pública em relação ao caminhar pela cidade e as ambições desta
pesquisa.
A segunda parte do "ganhar corpo" com a ambiência urbana, consistiu
numa fase de observação, de aproximadamente 2 horas a cada vez, que
chamamos de observação encarnada. Nesta fase do trabalho, foi
solicitado a cada um dos pesquisadores explorar um certo número de
trabalhos de campo em se misturando aos lugares:
- A Feira de São Joaquim e o Shopping Salvador, em Salvador, Bahia;
- O Cours Berriat e um parte dos Grands Boulevards, em Grenoble;
- A praça Jean-Paul Riopelle, a praça Victoria e o mercado Jean
Talon Market, em Montreal.
Para
nós, "se misturar" aos lugares significava observar a dança dos
corpos tomando parte deles, e assim criando, com os usuários do
lugar, uma plasticidade própria de nossos corpos de pesquisadores.
Dar corpo às ambiências urbanas. A idéia por trás desta terceira
fase de nosso protocolo metdológico de pesquisa é a implementação de
um pensamento do corpo envolvendo necessariamente a criação de
linguagens e criações de instrumentos narrativos específicos. Uma
das preocupações deste trabalho colaborativo foi então de buscar -
não meios de expressão diferentes em suportes clássicos- mas os
meios para traduzir a dimensão corporal da experiência urbana
ordinária. A criação e apresentação de "miniaturas" urbanas
videográficas responde a este objetivo.
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Pesquisa financiada pelo
Programa de pesquisa Interdisciplinar Cidade e Meio Ambiente do CNRS
- MEEDDM
Tradução: Priscila Lolata / Revisão: Paola Berenstein Jacques |
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