français

português

caminhar  na cidade

as miniaturas urbanas



A criação e apresentação de miniaturas urbanas videográficas respondem, no cerne desta pesquisa, a vontade de dar corpo, em outras palavras, de traduzir a dimensão corporal da experiência urbana no centro de nossas análises.
De acordo com Philippe Despoix, que analisa o trabalho de cronista de Siegfried Kracauer, a "miniatura urbana" é uma maneira heurística de capturar, de representar e de deixar um rastro das mudanças que, por vezes, passam desapercebidas na vida urbana moderna. "Cruzamento do poema em prosa e do ensaio sociológico [a miniatura urbana é] a forma mais específica de captura do fenômeno em sua efêmera singularidade. [...] Mas o que qualifica a miniatura como uma forma autônoma é que ela se concentra em um único fenômeno, um único detalhe da vida de rua, que ela dedica a maior parte da sua atenção à sua própria representação” (Despoix, 2001, p.165). Em outras palavras, é menos na pilha de relatos anedóticos que numa acumulação de singularidades de cenas urbanas ordinárias, que a miniatura urbana acha a sua heurística. É nesta mesma perspectiva que escolhemos construir uma série de "miniaturas urbanas videográficas" suscetíveis de ver e de compreender como as ambiências particulares e as culturas específicas se incorporam ao cotidiano dos pedestres.

 

Nos três países, o vídeo-observação (V-Obs *) como uma forma de ver e pensar o caminhar pela cidade

O uso de registros videográficos para se apreender o caminhar na cidade é uma maneira de pensar o objeto de estudo. Esta metodologia propõe utilizar a câmera de vídeo menoa como mero instrumento de registro visual do movimento e mais como uma ferramenta de estímulo e de tensão. Formulado de maneira diferente, o processo de registo vídeográfico (ou fotográfico) em situações de estimulo e de tensão constitui um elemento-chave da apreensão da experiência urbana. Incluído no processo de registro, o corpo do observador incorpora a câmera de vídeo (ou máquina fotográfica) como um órgão estranho, como uma extensão de si mesmo que pode não só ampliar certas capacidades do observador, mas também alguns desconfortos. Estes colaboram na maneira de realizar o registro e depois, de produzir as sínteses. Deste ponto de vista, o observador faz, portanto, parte integrante do objeto estudado. Sua caminhada no espaço pode ser considerada como uma forma de pensamento e o processo de registro videográfico como uma forma de apreensão e representação desta forma de pensar. Esta experiência, que chamamos de V-OBS ou vídeo-observações, pode ser sistematizado em cinco fases de trabalho: a interferência, a exploração, a afetação, o repouso e a síntese.

V-OBS : L’affairement et la langueur : deux tempo du « vivre-ensemble » à São Joaquim. Conditions de l’observation : Mercredi, 28 octobre 2009; 9H30 – 10H30; Temps chaud et ensoleillé; forte humidité. [V-OBS:XC]


V-OBS : Salvador Shopping ou l’aseptisation optimisée. Conditions de l’observation : Mercredi 28 octobre 2009; 11h – 13H; Temps chaud et ensoleillé (25°C env.) – forte humidité – Quel contraste avec l’intérieur du shopping si frais.  [V-OBS:XC]



V-OBS : La diversité et la densité du cours Berriat. Conditions de l’observation : Jeudi 10 décembre 2009; 9H00 – 10h15; Matinée froide, ciel dégagé et ensoleillé. [V-OBS:XC]



V-OBS : Des tuyauteries juxtaposées sur les Grands Boulevards. Conditions de l’observation; jeudi 10 décembre 2009; 10H15 – 11H15; Temps froid, venteux mais ensoleillé. [V-OBS:XC]
 


V-OBS : La monotonie solitaire d’Europole.
Conditions de l’observation : Mercredi 9 décembre 2009 ;14h00- 15h30; Température confortable, temps ensoleillé. [V-OBS:XC]


V-OBS : Le passage et l’attente square Victoria et place Jean-Paul Riopelle. Conditions de l’observation:
de nuit; Lundi, 21 juin 2010; 21h00-22h00; temps chaud pas de vent.


V-OBS
Le passage et l’attente square Victoria et place Jean-Paul Riopelle. Conditions de l’observation :

de nuit; Lundi, 21 juin 2010; 21h00-22h00; temps chaud pas de vent.


V-OBS : Le passage et l’attente square Victoria et place Jean-Paul Riopelle. Conditions de l'observation : de jour; Mercredi, 23 juin 2010; 10h00-11h00; temps chaud, couvert et humide.


V-OBS : Le passage et l’attente square Victoria et place Jean-Paul Riopelle. Conditions de l’observation : de nuit; Lundi, 21 juin 2010; 21h00-22h00; temps chaud pas de vent.

 

interferência
No trabalho de campo, a câmera funciona como um dispositivo para a produção de tensão entre o observador e o objeto de pesquisa. Ela deixa claro as complexas relações de poder e dominação do espaço com relação ao observador, da sua visibilidade e da sua vulnerabilidade. No caso de um trabalho sobre o caminhar pela cidade, e sobre os processos em curso na relação do pedestre com o ambiente, esta tensão parece mais óbvia no caso de interferências mútuas.
 
exploração
Sob essas condições, o uso de câmera de vídeo tem regras semelhantes ao uso da caminhada como forma de errâncias urbanas. Estas regras comuns são relativas à restrição da visão periférica, a fixação em um alvo de registro e a determinação de um tempo e um espaço de gravação. Isto significa que tanto o observador, quanto o pedestre, podem decidir onde e quando, sob quais circunstâncias e situações, ele deve responder a essas regras e entrar em ação.
 
afetação
O recurso de registro videográfico se caracteriza pela proximidade física entre o observador e o objeto observado. O corpo do observador e a câmera formam, de fato, um único dispositivo de apreensão do objeto de estudo no tempo. Deste ponto de vista, a câmera aparece como uma extensão do corpo, de modo poroso para as situações e os fatores que afetam o processo de exploração e de observação. Esta proximidade afeta o olhar do observador, sua percepção do tempo, sua sensação de segurança, a seu julgamento com relação aos objetos estudados. Na verdade, o que ele observa e registra nesta fase do trabalho não é percebida da mesma forma como na fase seguinte.
 
repouso
A fase de repouso ocorre fora da situação espaço-temporal do registro. Ela permite uma desconexão do corpo e os sentidos do observador com relação ao objeto de estudo e as condições de registro. Esta distância permite um outro olhar sobre o objeto e introduz novas representações. É nesta fase que o pesquisador pode buscar fazer uma leitura das relações entre corpos e ambiências, e de seu entrelaçamento.
 
síntese
A síntese é um exercício prático de construção de um discurso sobre o objeto da pesquisa. O tempo de síntese é também então, mais do que um tempo de representação somente do registro videográfico, um tempo de representação do processo de registrar em video, este constitue então um momento de construção de um discurso polêmico - e polifônico – sobre o caminhar pela cidade.
 
Nota metodológica:
a estilização das cores, assim como a edição do vídeo “de trás para frente” responde a um esforço para melhorar a observação dos movimento dos corpos.



*V-OBS reproduz uma metodologia utilizada pelo Grupo Atlas, coordenado por Francisco Xico Costa dentro da disciplina "Visões Urbanas" no programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia.

V-OBS : moteur comparatif.
Le moteur comparatif est un outil pour le visionnage simultané de différentes vidéos et des enregistrements de la même place dans différentes conditions de montage [en arrière-arrière et non].

utilize a rede social para fazer comentários sobre V-OBS específicos

Pesquisa financiada pelo Programa de pesquisa Interdisciplinar Cidade e Meio Ambiente do CNRS - MEEDDM
Tradução: Priscila Lolata / Revisão: Paola Berenstein Jacques